segunda-feira, 18 de agosto de 2008

FALE MAL, MAS FALE ASSIM.

Irei nas próximas linhas, ensinar-lhe a falar mal – ou pelo menos perceber se não estão falando mal de você -, sem que os outros percebam. A língua portuguesa nos brinda com magníficas palavras que soam como o que as pessoas querem ouvir, mas que querem dizer outra coisa para quem as solfeja contra o vento.

- Olha, Clêibson, gostaria de dizer que estou muito contente com o seu trabalho. Você é um garoto muito esforçado!
- Nossa, obrigado, Menezes! Obrigado mesmo!


Não tem nada pior no mundo do que ser chamado de “esforçado”. Em ambientes corporativos então, nem se fala. Esse tal adjetivo, no fundo, quer dizer que você é extremamente incompetente, um idiota sem tamanho, que não consegue diferenciar uma prostituta extremamente feia de um travesti, mas que você tem força de vontade. Tadinho do Clêibson. Vai perder o emprego logo mais e nem imagina.

Evite ao máximo também ser enganado pela sua própria falta de percepção quando alguém algum dia lhe disser que você é fofo (se você é mulher, fofa, no caso). Eu sei que não é sempre que se recebe um elogio, mas “fofo” não é elogio. Fofo é aquele cara que não tem sex appeal nenhum, que não consegue atrair nem mesmo a uma mosca, mas que é legal e sempre está disposto a rodar a cidade em busca de um pacote de Bono sabor caramelo só porque a mulher que ele sonha em pegar pediu.

- Ai, amiga, ele é muito fofo!
- Jura?
- Você acredita que ele ficou cuidando do meu cachorro enquanto eu tinha um encontro com o gostoso do Ricardo?
- Homem assim está difícil de encontrar hoje, né?


Como os valores estão invertidos hoje em dia, né? Ah, se você é mulher, você é apenas gordinha mesmo, o que, na comparação entre os dois casos, não sei o que é pior. Aliás, nessa relação homem vs. mulher existe uma penca de adjetivos negativos que enganam quando bem utilizados.

Bonitinha(o): é aquela pessoa prejudicada geneticamente, mas que pode ser salva por um banho de loja e alguns quilinhos a mais de maquiagem. Ah, dinheiro ajuda também. Chave de carro importado no bolso, infinitos cartões de crédito na carteira e alguns gramas de maconha pra bolar aquele cigarrinho e deixar a pessoa do seu lado sem muito discernimento são imprescindíveis.

Simpática(o): não tem jeito. Pior do que ser bonitinha(o), é ser simpática(o). Isso porque nem o banho de loja te salva. Não, maquiagem também não. Dinheiro tampouco. Jesus? Nem ele. A única coisa que ajuda um pouco é a sua lábia – e acredite, você vai precisar muito dela. Nesse caso, abrace com toda a força do mundo o ditado que diz “a beleza interior é a que importa” e bola pra frente. Ser legal também cativa as pessoas. Às vezes. Quer dizer, quase nunca.

Mas nada – nada mesmo – se compara a um adjetivo: exótica. Se alguém um dia disser que você tem uma “beleza exótica”, encontre uma lâmpada mágica e peça apenas um dos três pedidos ao gênio: se tornar um avestruz. Assim você pode enfiar a própria cabeça na terra e deixar ela por lá até que toda a humanidade tenha se extinguido. Nós agradeceremos!

É sério! Não se deixe enganar por essa palavra que adora arrancar sorriso das pessoas que a recebem como “elogio”. Exótico é um tipo de feiúra não classificável. Pra você ter uma idéia, “cão chupando manga”, “rascunho do mapa do inferno” e “cara de cavalo” são feiúras classificáveis. “Beleza exótica” atinge tipo 9 graus na escala Richter.

- Mas e aí, ela é bonita?
- Ah, ela tem uma beleza exótica...
- Saquei...


É, eu sei... Você nunca tinha pensado nisso até ler o diálogo acima. E pode ter certeza: cada vez que você ler, vai concordar mais comigo. É tipo uma P.A. (progressão aritmética, para os que faltaram nas aulas de matemática).

Aí estão as dicas. Faça bom uso delas e vê se deixa de ser ingênuo(a) quando as pessoas se utilizarem dessas palavras para se referirem a você. E quanto a mim, receber um “que texto legal” já me deixa feliz. Não precisa ser rude!

quarta-feira, 30 de julho de 2008

MORDOMO NADA. FOI A SALSICHA!

Sempre falam do tal do mordomo, mas ninguém - ou nada - está tão fadada a ser culpada das coisas do que a salsicha. Sim, aquela mesma que pode ser encontrada em hot-dogs-fim-de-balada recheados com muito milho, purê, maionese, batata-palha, queijo cheddar, molho chilli, catarro, parmesão, vinagrete, um pedaço de dedo e catchup.

- Prensado?
- Sim, por favor. E me vê uma Coca também...

Há quem diga que, com tanto recheio, nem é necessária a presença da salsicha, porque não se sente o gosto dela. Mas, sem a salsicha, de quem seria a culpa pela dor de barriga do dia seguinte? Sim, ela é extremamente necessária!

É impressionante a capacidade que a gente tem de culpar a coitada por qualquer problema que nosso estômago tenha. Por que nunca é o pão que estava estragado? Não pode ter sido o cheddar? Ou o milho, a maionese e a batata-palha? O caboclo pode ter comido comida japonesa com salmonela, mas ele vai culpar a salsicha que ele comeu, tipo, na segunda-feira da semana passada.

- Nossa, você ficou mal do estômago?
- Sim, comi uma salsicha semana passada que acho que não me fez bem...
- Salsicha é foda. Eu sempre passo mal quando como também.

Fato é, que quando se culpa a salsicha, ninguém contesta. Todo mundo acredita e pronto! Como se existissem milhares de estudos que indicam que ela é culpada por todo e qualquer problema da humanidade. Ah, se eu soubesse disso antes na minha vida, eu teria me aproveitado tanto:

- Rafael! Você está colando! Vai já pra sala do coordenador!
- Não, psôra, não era eu! Era a salsicha!
- Ah, por que você não falou antes? Desculpa...mas eu estou de olho em você, hein!

Eu tenho uma amiga que com certeza é visionária. Certa vez, aos 15 anos de idade, ela viajou com as amigas e a família de uma delas. Como toda adolescente, o que ela fez foi encher a cara e, como toda adolescente, passar mal depois por causa disso. A mãe dela ficou toda preocupada com a saúde da menina:

- Nossa, Thais, o que você comeu pra ficar assim, menina?
- Acho que foi a salsicha do hot dog...

Agora imagina jogar Detetive com uma informação valiosa dessa: antes mesmo de jogar o dado você já sabe que a assassina é a salsicha. Aliás, será que ela sempre tinha a ajuda do Coronel MOSTARDA? (Nossa, que piada infame!). Agora só falta descobrir o lugar e a arma - que, provavelmente é o candelabro (Vide crônica Coronel Mostarda, com a corda na sala de estar). Pronto. Só falta mesmo o lugar.

Só não consigo entender por que a salsicha ainda não foi culpada pelo trânsito em São Paulo. Ou pela violência no Rio de Janeiro. Ou pelo sotaque dos gaúchos, pela Preta Gil como protagonista em novelas de mutantes ou pela escalação do Gilberto na lateral esquerda da seleção. Só falta mesmo ligarmos a televisão e nos depararmos com o William Bonner dando a seguinte notícia:

Um forte terremoto atingiu a costa oeste do Japão na noite desta quarta-feira. O tremor teve seu epicentro numa panela de aço que cozinhava uma dúzia de salsichas em uma casa no subúrbio de Tóquio.

Culpem a salsicha! Por tudo! Ela nasceu para isso e não vai se sentir injustiçada, isso eu garanto. Só não dá pra culpar a maldita por ela ter um nome tão estúpido e impossível de ser pronunciado em seqüência numa velocidade rápida e constante. Termino o texto deixando você tentar: salsicha, salsicha, salsicha, salsicha, salsicha, salsicha, salsicha...Tá com raiva, né? Não me xingue. A culpa você já sabe de quem é.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

MAIS UMA. SERÁ?

O problema do mundo é, sem dúvida, a saideira. É impressionante como os seres humanos não se contentam facilmente, indo sempre à desgraça depois de pedir a tal da “saideira”. Mesmo depois de vinte garrafas, metade do salário escorrendo pelos tubos e conexões Tigre do mictório instalado no banheiro do bar, olhos para baixo, língua enrolada e muitos, mas muitos “eu te amo, e não tô dizendo isso só porque tô bêbado”, o cara ainda pensa que aquela idéia é brilhante:

- Ô Schumacher, vê aquela saideira pra gente?

Agora me diz: pra quê? Um engradado não basta? Já sei: é só pra dizer que você gastou horrores, mas a última “foi de graça”. De graça pro dono do bar, já que ele lucrou no mínimo 60% em cima de cada uma das 24 garrafas que você tomou com seus amigos.

Aí no dia seguinte, o caboclo acorda coalhado e ainda culpa a tal da saideira, como se a quantidade de álcool que ele bebeu antes não desse pra levar o Uno Mille dele até o Guarujá.

Se fosse só isso, tudo bem, mas o problema da saideira atinge também outros costumes da raça, como por exemplo, a despedida de solteiro. O cara é apaixonado pela noiva e nunca teve relações sexuais com qualquer outra mulher. Um dia antes do casamento vem aquele amigo de anos dele com a idéia de fazer uma festinha numa casa de massagem. Relutante, o cara vai. E descobre que existe mulher muito melhor de cama do que aquela com quem ele estava prestes a passar o resto da vida junto.

- Mas como assim, o Jeferson abandonou a Clarinha no altar?
- Dizem que ele se apaixonou pela prima do André.
- Mas o André não tem prima!
- Ah, é de uma parte da família dele lá do sul...


Hiroshima, Japão, mil novecentos e quarenta e cinco. Não bastasse a destruição da primeira bomba atômica, que praticamente pulverizou em segundos mais de trezentas mil pessoas, algum general americano teve a grande idéia:

- Ah, vamos jogar mais uma, só pra garantir, vai...Garçom, mais uma bomba atômica pros japoneses ali, por favor.
- Com gelo e limão?
- Não, só gelo. Aproveita e fecha a conta pra gente?


E ir ao Cassino, então? Aliás, não sei porque o nome da saideira não é “caça-níqueis”. Incrível a quantidade de “vou jogar só mais uma” que se escuta em todos os idiomas em Las Vegas, por exemplo. O mais legal é que a galera vicia de uma forma que o “só mais uma” vira outra, e outra, e outra; e o cara continua dizendo “só mais uma”. Por que ele não disse da primeira vez “só mais trinta e sete vezes”, então?

Genial mesmo é assistir ao programa do Senor Abravanel, aquele das maletas. Tenho certeza que esse programa foi baseado no mesmo conceito dos cassinos. O cara ta lá, na frente do botão vermelho, com o banqueiro oferecendo a ele duzentos mil reais. Restam 3 malas para serem abertas. E o cara “não topa”. Geralmente, esses são os que vão embora só com o dinheiro do busão.

Culpem a saideira. Sempre. Eu já me arrependi incontáveis vezes de chamá-la. Aliás, às vezes ela acontece na mesma casa de massagem onde o Jeferson conheceu a prima sulista do André. O problema é que eu nunca tenho dinheiro pra aproveitar que nem ele. Quem sabe se eu tivesse apertado o botão vermelho. Pode passar a régua!

quarta-feira, 11 de junho de 2008

ESTÚPIDO, PERO ENGRAÇADO

Descobri uma nova diversão nos últimos meses: ser estúpido e intolerante com gente que eu não conheço. É tão legal. Vocês deviam tentar um dia. Claro que nunca é gratuito – o imbecil tem que merecer alguns segundos da minha atenção para que possa bolar uma frase bem ignorante e deixar a pessoa com aquela cara de “será que ele disse o que eu entendi?”.

A última que aconteceu comigo foi num vôo de Porto Alegre para São Paulo. Eu juro que eu sempre tenho uma mísera esperança de que vai sentar aquela gostosa do meu lado e pedir pra eu trocar sentimentos com ela no banheiro do avião.

Pausa: será que eu sou o único cara do mundo que pensa que vive em um filme pornô? Eu sei que não.

É claro que não tinha gostosa nenhuma do meu lado. Aliás, acho que nem no avião. Mas pra piorar, do meu lado tinha um cara imenso, daqueles que você não consegue nem apoiar o braço no encosto da poltrona, porque o espaço já foi ocupado pela barriga dele. Já tinha sido foda pedir pro cara levantar pra eu poder entrar na fileira (meu assento era o do meio), até que veio uma mulher e pediu para nós dois levantarmos para que ela pudesse sentar (o dela era na janelinha).

Pausa de novo: filha da puta. Eu adoro sentar na janelinha!

Levantamos. Mó martírio até todo mundo se acomodar de novo. Até que, de repente, a maldita levanta, e pede para eu e o Jabba, The Hut do meu lado nos levantarmos de novo, porque ela resolveu sentar em outro lugar. Pra aliviar a situação dela, ela disse pra mim:

- Desculpa, é que eu vou sentar com a minha amiga que eu não vejo há 10 anos...
- Nossa, e você ainda chama ela de amiga?


Sim, essa foi a minha resposta. O silêncio pairou no ar. Pessoas ouviram, mas ninguém teve muita certeza de onde tinha vindo aquela frase. Alguns pensaram que o som tinha saído da cabine do piloto, outros pensaram ter escutado um espírito. Enquanto isso, eu ria por dentro, pensando comigo mesmo:

- Chupa essa manga, sua idiota!

Mas como fazer isso? Vamos lá. Agora eu vou ensinar a técnica para ser estúpido sem arrumar briga ou confusão. Nunca olhe nos olhos da pessoa a ser agredida verbalmente. Fale baixo, olhando para o chão ou para a frente. O energúmeno vai saber que é com ele, mas ele não tem como provar; é uma espécie de álibi. Caso ele queira brigar mesmo assim, isso será usado contra ele no tribunal, visto que nenhuma câmera de segurança ou testemunhas viram você se dirigindo a ele. Treine com o garçom do restaurante onde você almoça sempre:

- Mais alguma coisa, senhor?
- Um abraço...
- Perdão? Não ouvi...
- Um guardanapo.


Outros excelentes lugares para a prática da técnica são baladas, bares e afins. Isso porque o barulho é sempre tão grande que você pode falar o que quiser sem ninguém entender. É só para no bar do lado de uma mina e mandar:

- Tô afim de te comer...
- Como?
- O QUE VOCÊ VAI BEBER?
- Ah, pedi uma vodka...
- Você tem uma cara de puta...
- Desculpa, não entendi de novo...
- EU FALEI QUE BOM É VODKA PURA!


Um pouco mais cruel que todas essas é brincar com as crianças pobres no semáforo. Confesso que essa eu nunca fiz porque, no fundo, eu tenho um coração bom, mas já vi um amigo meu fazendo. As crianças sempre chegam com a mesma técnica descrita acima: nunca olham nos seus olhos. Olham pro chão, pro pneu do seu carro ou até mesmo para o console, para ver se não tem uma moedinha por ali, e perguntam:

- Um trocado, tio?
- Não, obrigado.


Sim, eu sei que é estúpido, mas juro que é engraçado. E o mais legal de tudo isso é que, no fim, eu sentei na janelinha com a poltrona do meio entre eu e o gordão. Chupa essa manga, Jabba, the Hut!

quarta-feira, 30 de abril de 2008

MILKSHAKE DE MUNDOMALTINE

Uma das coisas que eu mais vejo graça no mundo é a dissecação. Não, eu não sou a favor de pegar um bisturi e cortar as tripas de um coelhinho morto. Estou falando da dissecação de ditados e expressões de linguagem. Digo isso porque outro dia eu estava conversando com um amigo meu e descobrimos, do nada, um amigo em comum. Aí alguém sempre manda aquela frase de tiozão.

- O mundo é um ovo, não é mesmo?
- Ô, se é.


Vamos lá. O mundo é um ovo. Obviamente, sabemos que o mundo não é um ovo, simplesmente porque ele não é oval. O idiota que inventou isso devia ter dito algo como “o mundo é uma circunferência”.

Tá, eu sei que o lance do “ovo” é pra dizer que o mundo é pequeno, mas primeiro deixa eu acabar com os argumentos, por favor. Por que não uma bolinha de gude, então? É muito menor que um ovo e não é oval. E olha que interessante: no jogo de bolinha de gude, existem várias outras bolinhas de gude dentro de um outro círculo, representando os outros planetas dentro do Sistema Solar. Genial, não? Pelo visto, não. Era mais legal dizer ovo.

Olhando pelo outro lado agora: de o mundo ser um ovo para ilustrar que uma coisa sempre vai levar à outra, que vai levar à outra, até finalmente voltar a você. Nesse caso, já existe uma outra expressão – o mundo dá voltas – e não vale a pena eu me estender nela senão eu vou perder o foco.

Voltando ao tema principal. E se o mundo for realmente um ovo e o errado na história toda sou eu? Isso só me leva a crer - por substituição - que a crosta terrestre é a casquinha, o magma é a clara e o núcleo é a gema.

Pior que isso: em época que só se fala em Isabella, Ronaldo e o travesti, padre baloeiro e aquecimento global, se este último, de fato acontecer, o mundo irá chocar e teremos o nascimento de um pinto gigante. Logo, para frearmos o aquecimento global, tudo o que precisamos é matar a galinha-mais-gigante-ainda que vaga pelo sistema solar. Assim ela não choca o ovo, né?

- Quem vai ganhar? Menino ou menina?
- Meninooooooo.


O tiro foi certeiro e a galinha mais gigante ainda que vaga pelo sistema solar está morta, diz o Pentágono. Ótimo! Agora só precisamos ter cuidado para um meteoro não se chocar com a Terra e quebrar a casquinha do ovo, fazendo com que a gente caia numa enorme frigideira e vire uma omelete colossal.

Viu só como não precisa ser cientista e nem ex-vice-frustrado-quase-futuro-presidente americano pra descobrir a causa do aquecimento global? Basta perder alguns minutos e dissecar um velho ditado. E o cara ainda ganhou o Prêmio Nobel da Paz. Tsc, tsc, tsc. O ovo tá perdido.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

CULTURA (IR)RACIONAL

Peguei um táxi outro dia. Eu adoro andar de táxi. Eu adoro porque toda vez que eu ando de táxi parece que eu fico mais inteligente (pelo menos, parece). Isso porque os simpáticos taxistas sempre têm algo a nos acrescentar. Eles vivem levando gente pra lá e pra cá e, nessas viagens, eles acabam conhecendo pessoas dos mais variados esteriótipos e profissões.

Esse último que peguei foi bem engraçado. No momento em que entrei no carro, já percebi que seria uma viagem diferente - literal e figuramente falando. Bati o olho na roupa dele e vi que ele vestia um avental da Cultura Racional.

Pausa para você enriquecer um pouco a sua cultura inútil. Ou racional, sei lá.

A Cultura Racional foi criada por um senhor chamado Manoel - isso, ele mesmo, o que "foi pro céu" na música do Ed Motta. A relação é fácil: o Ed Motta é sobrinho do Tim Maia, que foi um seguidor da Cultura Racional na década de 70. Ah, os anos 70, onde todo mundo tinha o aval para ser drogado. Que beleza!

Resumindo, Manoel e sua Cultura Racional pregavam que a vida começou na Terra a partir de uma gota que vagava pelo Universo (?) e que, por ter sua vontade livre (??), caiu aqui no nosso planeta azul. Ao cair, ela acabou penetrando no solo e ficou "choca" (???). E, como tudo que choca gera vida (????), a gota acabou gerando pequenos "monstrengos" (?????) - não ria, é assim mesmo que eles chamam. 

A patir daí, a história fica bem parecida com o que chamamos de Teoria da Evolução das Espécies, mas que eles insistem em chamar de Cultura Racional. Esses "monstrengos" foram crescendo e evoluindo até chegarmos no que conhecemos hoje como homo sapiens.

- Vai pra onde, meu filho?
- Vou descer ali na Rua dos Pinheiros.


Geralmente, eles não puxam muito assunto se você fica quieto. Eles só falam do trânsito, do tempo, dos buracos nas avenidas ou do Timão. Mas eu, idiota que sou, ao ver o avental dele, resolvi puxar o assunto:

- O senhor conhece a Cultura Racional?
- Se eu conheço? Eu era amigo pessoal do Manoel?
- O que foi pro céu?
- Ele mesmo!


Eu fazendo uma piada e o cara me levando a sério. Vê se pode. Continuei o papo.

- E o senhor acredita mesmo na Cultura Racional?
- Claro! Eu vi tudo acontecer. Tudo isso daí. O sol! Ah, o sol! Eu já vi 9 dele!
- Nove?
- É, nove!


Cara, quanta droga é preciso para ver 9 sóis? Confesso que comecei a ficar com medo de andar naquele táxi, e resolvi descer ali mesmo, na Faria Lima. De lá, eu peguei outro táxi e, logo ao entrar, notei um "ar" de uma outra religião.

- Tá frio hoje, né? - perguntou o taxista.
- É...


E fui pra casa quietinho. Desisti de querer ficar mais inteligente com taxistas. Da próxima vez que você entrar em um, limite-se a dizer seu endereço. No máximo diga "essa região é cheia de gostosa" ao passar pela Avenida Paulista. E, se por acaso eles falarem de religião, diga "hã" como quem não ouviu a pergunta 3 vezes seguidas. É infalível. Ah, e não se esqueça de ler o livro. Que livro? Da Cultura Racional...

terça-feira, 1 de abril de 2008

ROMEU E JULI-QUEM?

Romeu e Julieta morreram apaixonados. Na verdade, até mais do que isso: eles se mataram por amor. Acho muito legal esse nobre sentimento, mas tenho que fazer algumas importantes ressalvas nesse relacionamento.

Romeu e Julieta morreram apaixonados porque nunca se casaram. E na real, mesmo que tivessem, saúde e doença, riqueza e pobreza, alegria e tristeza são muito vagos!

Romeu e Julieta morreram apaixonados porque Julieta nunca teve que ouvir o ronco do Romeu ou simplesmente aguentar o cheiro do bafo de cachaça dele depois que ele se tornou alcóolatra por causa da queda do Corinthians para a segunda divisão.

Romeu e Julieta morreram apaixonados porque Julieta nunca quis ver a novela das oito quando o Romeu queria ver o SuperPop, com a participação inédita (?) de Tammy Gretchen.

Morreram apaixonados porque o Romeu nunca pediu para a Julieta dividir um Alpino com ele (tem sacanagem maior do que isso?). Com certeza eles também nunca discutiram ao pegar o lado errado da Marginal, muito menos sobre adotar o Marley, aquele simpático vira-lata da rua de baixo.

E os problemas financeiros? Ah, os problemas financeiros. Será que Julieta ainda amaria, ou pior, tiraria sua própria vida por Romeu depois que ele tivesse apostado tudo no cavalo 5, e não no 4?

- Por que você apostou tudo no 5, Romeu?
- Porque o nome dele era Balboa.
- Fala isso pros seus credores agora. Eu estou indo embora!

É muito fácil se apaixonar. Difícil mesmo é se apaixonar e conseguir manter essa paixão mesmo com o convívio do dia-a-dia. E eles que achavam que suas famílias queriam separá-los. Que nada! Era só um alerta. Nossas famílias sempre querem nosso bem e sempre estão certos.

- Filho, leva um casaco que vai fazer frio!
- Não esquece o guarda-chuva hoje que vai chover, querida.
- A soma do quadrado dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa.

Se casar não fosse difícil, o padre não perguntaria de novo, no altar, se os dois têm certeza de que querem se casar.

- Você, Romeu, aceita Julieta como sua legítima esposa?
- Ué, não foi pra isso que eu vim aqui? – responde Romeu.
- Você, Julieta, aceita Romeu como seu legítimo esposo?
- Claro! Não comprei este vestido à toa! – responde Julieta.
- Pronto. Agora a responsabilidade é de vocês. Tô tirando o meu da reta.

Olhando a história por esse ponto de vista, vemos que Romeu e Julieta eram dois jovens inconseqüentes. Suas famílias, percebendo isso, os alertaram para segurarem a emoção, pensar duas vezes sobre o assunto. Nada de mais.

Às vezes a gente se apaixona e acha que está amando. Às vezes a gente acha que só está apaixonado, mas não vive sem a outra pessoa. Às vezes a gente acha que o lado da Marginal em que estamos é o certo. E quando isso acontece não é motivo para uma briga, mas um incentivo para que o casal enfrente mais um problema juntos, porque afinal, a vida é cheia deles.

Acho que nunca fui tão emotivo em uma crônica. É que eu acredito no amor, de verdade. Só não me mataria por ele.

terça-feira, 18 de março de 2008

NÃO CONFIO EM QUEM NÃO BEBE

Não confio em quem não bebe. Simples assim. Porém, como para tudo na vida, eu preciso de um argumento, e esse não foi fácil de arrumar. Não dá pra simplesmente falar que o Mário cresce com o cogumelo vermelho e ganha uma vida com o verde porque “a cor deles é diferente”. Eu nunca ganhei "uma vida" por tomar refrigerante colorido artificialmente.

Voltando à bebida, para mim, o álcool é o grande responsável por deixar as pessoas mais confiáveis. É provado cientificamente que cerveja, whisky, vodka, chiboquinha, bombeirinho e seus derivados deixam os seres humanos mais sociáveis e, quanto mais sociáveis são, mais confio neles.

É por isso que bêbados fazem mais sexo. É por isso que bêbados entram em brigas pra brigar, e não só para apartar. É por isso que bêbados batem carros. Eu não confio em quem não quer ajudar na reprodução da raça humana e muito menos em quem não bate em quem está me batendo. E quem é que nunca bateu o carro?

Pessoas bêbadas não se preocupam com o amanhã, por isso elas vomitam em calçadas, pensam que são ricas e gastam mais do que têm para continuar bebendo e, principalmente, dizem “eu te amo” para todo mundo sem motivo. É o balé da Fórmula 1.

E mais uma vez: quem ama, confia. E vice-versa.
E mais uma vez: adoro gente rica.
E mais uma vez: quem nunca vomitou? E a calçada é pública!

Eu estava chegando lá. Agora o problema maior era descobrir porque quem bebe apenas água não é confiável. Eu simplesmente não tinha provas. Não conheço ninguém que não bebe. Aliás, conheço sim: crianças. E eu odeio crianças! Elas não são nem um pouco confiáveis.

Crianças usam tortura psicológica e choros irritantes para manipular a nós, adultos. E por que elas fazem isso? Porque elas sabem que nós bebemos e, conseqüentemente, somos confiáveis. E a gente pensa que eles são ingênuos…

E quando está todo mundo numa mesa, pedindo um chopp e vem um cara e diz:

- Eu vou de Coca-Light.

Todo mundo olha assustado pra ele, como se ele tivesse matado alguém. Coca-Light é palavrão numa mesa de bar. Qualquer ser humano em sã consciência só pode dizer essa palavra numa mesa de boteco se vier acompanhada da palavra “antibióticos”.

- Dizem que o álcool corta o efeito do remédio… - diz o ser não confiável da mesa.

Eu não confio em quem dá essa desculpa, tirada diretamente de uma Google-search. O único remédio que esse cara precisa se chama morte. Quem não bebe, não vive. Eu nunca fiquei doente bebendo cerveja. Aliás, até ajuda no funcionamento do meu rim. Agora toma suco de laranja estragado, toma! Ou então experimenta tomar água da torneira. Conclusão: quem não bebe é suicida, e eu não confio em suicidas.

Odeio o Tim Maia, mas tenho que concordar com a famosa frase “depois de 14 dias sem beber, perdi 2 semanas de vida”. Aposto que ele foi pro céu! Ah, se ele tivesse pegado o cogumelo verde...

terça-feira, 11 de março de 2008

DURO DE VIVER

Os seriados de TV e a indústria cinematográfica sempre nos brindaram com personagens épicos no melhor estilo justiça com as próprias mãos. O engraçado é que os enredos não mudavam nunca, os nomes sim.

Terroristas que caíram no erro de seqüestrar justo o avião em que estava o John McLane.

Troque a palavra “terroristas” por “ladrões”, o verbo “seqüestrar por “roubar”, o substantivo “avião” por “mercado” e o herói John McLane por Marion Cobretti. Pronto: você acabou de escrever um novo roteiro de sucesso. Ou pelo menos uma bela cena de ação.

Era incrível como os tiros, bombas, granadas, correios-elegantes e nem mesmo perdigotos que saíam da boca por causa de uma torta de chocolate acertavam nossos heróis.

Entre os maiores deles estavam John Matrix, John McLane, Jack Bauer e McGyver. A gente ria, chorava e se emocionava com as histórias deles, mas nunca pensou em como seria a vida deles se eles existissem de verdade.

Eu penso. Outro dia fiquei imaginando um happy hour entre eles. Jack Bauer, Marion Cobretti, John McLane e James Bond tomando um choppinho na Vila Madalena. O Jack Bauer, pra variar, chega atrasado:

- Desculpa o atraso aí, galera. Tive um problema com uma bomba enquanto salvava o vice-presidente.
- Mas até essa hora? Tão te pagando adicional noturno? – pergunta Stallone Cobra.
- Nada! Puta sacanagem!
- Deviam mudar o nome da série para 8 horas, com uma de almoço – sugere McLane.

Quando eles compram roupas? Nunca vi um deles tomar café da manhã, ou ir ao parque num fim de semana de sol para tomar açaí na tigela. Com granola, claro. Sem falar que eles nunca puderam ir aos churrascos de confraternização da Turma de 84.

- Cadê o James?
- Não pôde vir, coitado. Fiquei sabendo que ele pegou uma amidalite na Rússia.

Ou então já imaginaram o dia em que o John Matrix chega no prédio onde ele mora e descobre que ele não tem mais direito a 2 vagas na garagem?

- Como assim, tiraram a minha outra vaga?
- Isso foi discutido na reunião de condomínio da semana passada, mas o senhor não estava presente.

De que adianta salvar o mundo se você não tem tempo pra desfrutar dele? Por isso eu tenho certeza de que eles eram infelizes. Agora estão explicadas a falta de sorrisos e as piadinhas cheias de ironia. A raiva deles não era contra os inimigos, e sim contra o mundo.

O John McLane tava pouco se fudendo pro Hans. Ele tava puto porque não ia passar mais um Natal em casa. Ê amargura. Agora entendo porque no Brasil a impunidade rola solta. Afinal, aqui é o país do futebol, da capirinha e do samba. Vale a pena se arriscar e perder esse circo? Acho que não.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

ODEIO ANDAR DE AVIÃO

Ano passado fiz uma viagem de avião. Eu acho impressionante a obsessão do homem em voar. Aliás, isso me dá medo. Não importa o quanto me digam que é seguro: eu simplesmente não boto fé que um negócio feito de aço e que pesa toneladas consegue voar.

A galinha, que TEM asas, não consegue. EU, que peso só 70 quilos, não consigo. Até mesmo o Super-Homem, quando está sem a capa, não consegue. Mas o avião consegue e, como ninguém é de ferro, um ou outro não.

Aí dizem que a chance de você ganhar na Mega Sena é maior que a chance de você estar em um avião que caia. Ótimo! Nas minhas próximas férias então, eu vou deixar de viajar e vou comprar bilhetes da loteria com o dinheiro da passagem de ida e volta, mais a taxa de embarque.

Mas pra quê se preocupar, né? Afinal, o avião está equipado com máscaras de oxigênio, colete salva-vidas e assentos flutuantes. Tudo o que eu preciso caso o avião venha a cair. Se eu fosse o McGyver, claro. Aí eu inflaria o colete salva-vidas com o oxigênio que sai das máscaras, o acloparia ao assento flutuante e teria meu próprio pára-quedas. Tudo isso ao som de Tom Sawyer, do Rush, claro.

Rede Globo apresentou (pausa com entonação de suspense)... McGyver! (Tan tan tan taaaaaaaaan! Tan tan tan taaaaaaaaan!).

Mas, como eu não sou ele, eu provavelmente me juntaria às outras 189 pessoas a bordo caso o avião venha a cair. Máscaras de oxigênio? Não me venha com essa! A pressão atmosférica numa queda de avião é tão grande que eu não conseguiria nem pensar em colocar a máscara antes de morrer. E mesmo que conseguisse, vou colocar pra quê? Pra ficar vivo e acompanhar o choque de camarote? As aeromoças se levantam e se dirigem ao corredor, com seus famosos gestos, enquanto o comandante diz:

- À sua direita, vocês podem ver o Edifício Itália. Reparem que, pelo ângulo do nosso avião em relação a ele, bateremos no chão de bico.

E os coletes salva-vidas e assentos flutuantes? Você pensa que pensam na sua segurança, mas na verdade eles só existem para, caso o avião caia na água, ficar mais fácil de contar os mortos.

- O senhor gostaria de beber o quê?

A pergunta da aeromoça é feita a mim, seguida de um chacoalhão e pelo aviso do comandante que o serviço de buffet seria encerrado naquele momento porque entraríamos em “zona de turbulência”. Que bonzinho o comandante, né? Eu, morrendo de fome e o cara me vem com essa. Tenho certeza que ele come o vôo inteiro, enquanto o piloto automático me leva do Brasil à França. Sim, eu joguei muito Flight Simulator!

E aqueles panfletos com instruções? Nunca vi alguém lendo aquilo, e não vai ser na hora da queda que alguém vai ler. Eu sempre leio. Pelo menos umas cinco vezes antes do avião decolar, porque eu sei que eu fico tonto só de ler no ônibus, imagina num avião caindo.

- Opa, Comandante, dá pra não passar em tanto buraco que eu to tentando ler pra conseguir salvar a minha vida?

Sabe o que eu faço agora pra ter noção do perigo? Eu olho pras aeromoças. Se elas estão com cara de “agora fodeu”, é porque tá caindo mesmo. O mais legal é que enquanto elas tão fazendo mímica de como inflar o colete salva-vidas, tá todo mundo rindo da cara delas. E elas, com aquele sorriso no rosto, devem pensar algo do tipo:

- Vem me perguntar quando você tiver se afogando, vem!

Então, da próxima vez que você andar de avião, leia o panfleto e veja a explicação da aeromoça de como se infla o colete salva-vidas. E se alguém te pedir ajuda pra colocar a máscara de oxigênio, troque a vida dessa pessoa pela Avenida Atlântica, Ipanema com dois hotéis mais saída livre da prisão.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

A ENCRUZILHADA

Não faz muito tempo, num almoço com o pessoal do trabalho, lembramos do filme A Encruzilhada. A história do filme fala da lenda do Robert Johnson, um bluesero que dizem ter vendido a alma ao Diabo em troca da proeza de tocar guitarra. Suas músicas hoje são referência para qualquer amante do blues.

E o filme mostra a busca de um jovem guitarrista de blues, interpretado pelo imortal Daniel-San (o nome dele na vida real é Ralph Macchio, mas isso não interessa), pela música perdida de Robert Johnson. Na jornada ele descobre que a música perdida não existe e no final, ele acaba duelando sua guitarra com a de Jack Butler (interpretado por Steve Vai) para salvar a alma de seu amigo Willie Brown, também vendida ao diabo.

Bom, contei essa história toda mal e porcamente pra chegar numa dúvida que todo mundo deve ter – se não tem, vai ter a partir de agora - e que surgiu na minha cabeça depois dessa conversa: se eu tivesse a oportunidade de fazer um pacto desses, o que eu pediria em troca da minha alma?

A primeira coisa que todos os homens pensam é fácil de adivinhar: poder de comer todas as mulheres do mundo. A segunda também é fácil: ser hiper ultra mega milionário pra poder comer todas as mulheres do mundo. E aí comecei a perceber que nós, homens, só pensamos em mulher. É impressionante como tudo o que a gente faz é pra conseguir mulher – mesmo que indiretamente.

Começando: eu trabalho. Pra quê? Pra ter dinheiro. Pra quê? Além de comer, pra poder sair e conhecer mulheres. Ah, eu trabalho também pra ter sucesso profissional, o que me leva a conseguir mulheres também. Se eu for pra academia, é pra eu ficar sarado, porque no fundo, eu quero é ganhar mulher com meu corpo – ou até mesmo conhecer mulher na academia. Quem fala que vai à academia pra cuidar da saúde é hipócrita.

Me diz então pra quê eu preciso ter um carro novo, se um velho me leva ao mesmo lugar? Pra conseguir mulher. E uma televisão de quarenta e duas polegadas? Idem. Relógio caro, roupa de marca: tudo isso pra conseguir mulher - assim como todas as outras coisas que um homem que tenha mais de quinze anos faz.

Legal mesmo era quando eu tinha dez anos e não me preocupava com esse tipo de coisa. Só queria saber de jogar futebol e comer. Comida, não mulher – ainda. Mas eu já assistia à Sexta Sexy. É claro que eu falava de mulher, mas não era algo que afetasse a minha vida como afeta hoje. Eu estava mais preocupado com a hora do intervalo porque eu queria jogar bola. E voltava todo melado pra sala de aula, pouco me importando com o que as meninas da minha sala iam pensar de mim.

Pois é. A encruzilhada da minha vida eu não sei quando vai ser e nem se vai ser, mas já tenho certeza que eu vou pedir: dois milkshakes de Ovomaltine.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

CAIR OU NÃO CAIR? EIS A QUESTÃO

Não tem coisa mais babaca. Isso é fato e você há de concordar comigo. O tombo é a situação mais ridícula, cretina, patética e idiota à qual um ser humano pode se submeter. Cair é simplesmente o fato de nao se eqüilibrar, o que leva ao ridículo quando se trata de um ser humano, seja o tombo causado ou não por fatores exteriores senão a burrice do mesmo de não conseguir manter-se em pé. Complique, né?

Mas, quem é que nunca levou um tombo daqueles de não conseguir levantar de tanto rir da própria estupidez? Se bem que nao há nada melhor do que rir da estupidez dos outros, né? É bem mais legal quando o tombo não é com você, até mesmo porque dar risada não machuca – muito menos torce o tornozelo, quebra a bacia, trinca os ossos, abre a cabeça, etc.

Eu me lembro de vários meus. Quando eu era moleque, passei grande parte da minha infância no Guarujá, no litoral sul paulista. E lá, junto com meus amigos, eu sempre andava de bicicleta, brincava de esconde-esconde, polícia e ladrão, etc. Aliás, é engracado isso, né? Lembro que desde aquela época todo mundo queria ser ladrão, só porque “era mais legal”. Acho que já está no DNA do brasileiro querer ser ladrão. Eu imagino na década de 40, aqueles jovens brincando e gritando:

- Pega o Paulo!

Aí o outro grita:

- Não dá, to atrás do Luis!

Mas isso não vem ao caso. O que vem ao caso é que eu sempre queria fazer as coisas mais difíceis na bicicleta, e sempre terminava levando um tombo. E, a cada tombo que eu levava, parecia a “última ressaca”. Sabe quando você bebe demais e fala “eu vou parar com isso” e, na semana seguinte você já está de porre de novo? Era igual. Eu sempre levantava chorando, sangrando, dizendo “é isso que dá querer saltar na rampa. Nunca mais faço isso!” e, na semana seguinte, ou até mesmo no dia seguinte, lá estava eu montando uma rampa com madeiras. E maior!

Mas cair de bicicleta ainda tem suas desculpas. Equilibrar-se sobre duas rodas não é tão fácil quanto equilibrar-se sobre seus dois pés. Ainda mais tentando pular de uma rampa.

Mas fato é que, conforme eu fui crescendo e deixando de cair, as coisas ao meu redor foram caindo. A internet no meu trabalho cai direto. A bolsa de valores cai. Peitos caem (uma pena). Matéria cai na prova. É, não dá pra brigar com a lei da gravidade e seja qual for qualquer outra lei que faz as coisas caírem. Tenho simplesmente de aceitar que os humanos e as coisas que estão à sua volta estão aptos a cair, sem aparente razão. Sorte minha que já inventaram o Viagra.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

SORTE OU REVÉS?

Se tem um cara azarado no mundo, esse cara sou eu. Talvez tenha sido por causa daquele espelho que quebrei num ataque de raiva após cair na casa “Jornaleiro. Salário de $ 24 mil. Ande 5 casas para receber seu salário” no Jogo da Vida.

Mas muito mais de sete anos se passaram, e finalmente eu tive a minha vez. Ano passado ganhei uma promoção de uma emissora de televisão e fui à França por 3 dias, com tudo pago, para assistir a um show do The Police, a banda daqueles caras que brigam como se fossem um casal com 42 anos casado.

- Eu falei prá você comprar mandioquinha!
- Não tinha. Então comprei pimentões…
- Mas o que eu vou fazer com tanto pimentão? Não tem nem lugar na geladeira!
- Ai, Santo Deus…

Brigas Copeland vs. Sting à parte, lá fui eu. Continuando a maré de azar da minha vida, obviamente, minha mala demorou horrores pra chegar. Não tinha mais ninguém do meu vôo esperando bagagem, só o otário aqui. E pra piorar a situação, eu fui o cara que, no meio de 40 mil pessoas que devem transitar no aeroporto de Paris por dia, um mané da polícia federal francesa escolheu pra achar que tinha cara de imigrante ilegal.

- S’il vous plaît…

Continuei andando, até porque não falo uma goma de francês e não entendi que era comigo.

- S’il vous plaît…

Juro que eu não estava ignorando propositalmente. Minha cabeça estava mais preocupada em procurar a plaquinha com o meu nome na sala de desembarque. Mas como vi que o cara tava berrando insistentemente, resolvi virar meu pescoço pro lado e vi que era comigo.

Cheguei perto dele e ele disse um monte de coisas em francês que eu não entendi, mas imagino que não era algo do tipo “Bem-vindo à França, em que posso ajudá-lo?”. Falei para o cara que eu não sabia francês – em uma tentativa bem tosca de falar o idioma – e aí sim, começamos a conversar em inglês. A primeira pergunta dele foi bem simples:

- What are you doing in France?

Tradução: o que você veio fazer na França? Eu, na maior inocência do mundo, e só percebendo a estupidez da minha resposta depois de ouvir da minha boca o que eu estava dizendo, respondi:

- I came to see The Police…

Tradução: eu vim ver a polícia. Sem mais comentários.

Obrigado, meu amigo. Já me viu. Agora pode ir embora!, era o que eu teria respondido se eu fosse o policial. Mas a interrogação na cara dele foi tão grande que resolvi explicar direito o lance da promoção. Ele não pareceu acreditar muito e perguntou se “I had something to declare” (traduzindo, se eu tinha algo a declarar).

- Sim. Eu os declaro marido e mulher – apontando para ele e para o outro policial francês ao lado dele.

Deu muita vontade de fazer uma dessa. Ô pergunta idiota. Se bobear, mais idiota do que a minha resposta. Quem disse que, por mais que eu tivesse algo a declarar, eu iria dizer "Tenho sim. Oitenta mil dólares, três quilos de cocaína escondidos no forro da mala e mais trezentas pílulas de êxtase dentro dos tubos de pasta de dentes. Quer me prender aqui mesmo ou vai me extraditar para o Brasil?"

Mas o medo de ser preso foi maior e eu respondi a pergunta dele com um simples “não”. Foi o suficiente para ele revirar a minha mala inteira procurando por oitenta mil dólares, três quilos de cocaína escondidos no forro da mala e mais trezentas pílulas de êxtase dentro dos tubos de pasta de dentes e depois socar tudo de volta na minha mala.

Quinze minutos depois fui liberado por ele e fui de novo procurar o cara carregando a plaquinha com meu nome. Encontrei, mas foi difícil. E o pior: o cara já tava indo embora porque achou que o “brasileiro não tinha desembarcado”. Policial FDP.

Pois é: nem mesmo quando eu tenho sorte o azar me esquece. Tem coisas que só acontecem comigo mesmo. Não é a toa que eu nunca era médico no Jogo da Vida.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

POLÍTICA DO "BOLO E CIRCO"

Mais uma vez o bolo do Bexiga. Dessa vez, de quatrocentos e cinqüenta e quatro metros, pra combinar com a idade que a cidade de São Paulo completou. Não sei quanto a você, mas eu me divirto vendo o desespero das pessoas pra pegar um pedaço do bolo.

E pelo visto não sou só eu: todo ano o Ernesto Paglia tá lá – isso quando a Globo não manda o cara pro Alaska fazer uma reportagem sobre como o aquecimento global está acabando com a vida dos leões marinhos. Aliás, acho que com certeza ele preferiria estar no Alaska.

Eu espero janeiro quase inteiro até o dia 25, só pra assistir pela televisão a briga das pessoas para conseguir comer. O governo proíbe rinha, mas pra quê ver galo brigando se eu posso ver gente se estapeando por um pedaço de bolo? Ah, se o Duda Mendonça tivesse um pouquinho mais de paciência... É muito mais divertido, porque o ser humano pensa (ás vezes).

Lembro de um cara que bolou uma logística interessante. Ele era magrelo, tinha um bigode bem ralinho. Levou um tupperware com ele. Assim que foi dada a largada, ele correu e meteu a tigelinha de plástico no bolo num movimento de cima pra baixo. Ok, ele conseguiu a parte do bolo dele, mas não pensou numa coisa: como tirar o bolo de lá agora?

Ele ficou desesperado olhando todo mundo pegando os pedaços ao lado e ele lá, sem saber como pegar todo aquele emaranhado sem derrubá-lo no chão. Mas tudo bem, a parte dele tava garantida. Na última, era só derrubar o pedaço dele no chão, numa desesperada atitude se eu não como, ninguém come.

Três, dois, um, já. E lá vão todos eles, correndo pra cima do bolo na mesma velocidade com que o Mirandinha via o campo acabar na linha de fundo na década de 90. E com a mesma mão suja que segurou o balústre do busão, eles pegam o bolo. A mãe de família, que não quer cozinhar pros 11 filhos:

- Olha o que a mamãe fez hooooooje: bolo!!!
- Êeeeeeeeeee…

O motoboy, que quer dar um presente romântico para a namorada:

- Aí, mina, trouxe um bolo pá nóis. Comprei lá no Amor aos Pedaços.
- Ai, Cleybson, eu te amo!

O sem-teto, que enxerga comida até numa pedra, como naqueles desenhos do Pernalonga, em que tudo vira um frango na mente do coelho:

- É hoje que eu tiro a barriga da miséria, rapáiz…

Desculpa a grosseria, mas o sorriso no rosto dos âncoras dos telejornais me dá ânsia. Será que ninguém pensa que o aniversário de São Paulo é o menos importante pra essas pessoas? Será que precisa de mais que isso pra estampar que essa porra desse bolo representa a fome do povo brasileiro? Roma bem que tentou, mas só São Paulo conseguiu. Viva o circo!

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

SONÂMBULO

Aconteceu há pouco menos de dois anos. Era mais um lindo dia em Buenos Aires. Levantei de manhã pra ir trabalhar e fiz tudo que eu precisava fazer, seguindo o meu ritual neurótico de sempre (café, banho, etc...). Quando estou saindo de casa para ir trabalhar, me deparo com um sério problema: cadê a chave? Perdi. Eu fiquei trancado dentro do meu próprio apartamento. Sim, é meio difícil de acreditar, mas era verdade: eu havia me trancado no meu apartamento e agora não encontrava a chave para sair.

Fazer o quê? Lá vou eu procurar a maldita chave. Comecei a revirar tudo: armário, bolso das calças, cama, embaixo da cama, embaixo da mesa, todos os lugares possíveis e imaginários e nada. Fui até pro banheiro e nem sinal dela.

Aí comecei a ficar desesperado, porque meu apartamento não era tão grande assim e eu não tinha mais onde procurar. Já tinha até visto dentro da geladeira e dentro do microondas. Minha última tentativa (última porque era a mais nojenta) foi revirar o lixo. Peguei um outro saco e comecei a tirar todo o lixo que tinha em um saco pra passar para o outro, na esperança da chave aparecer por lá. Adivinha: não apareceu. Nisso eu já tava procurando a porra da chave há meia hora!

Aí pensei em chamar o porteiro do meu prédio pelo interfone. Quem sabe o cara não tem uma chave reserva, né? idiota! Eu podia ter pensado nisso antes de revirar o lixo, né? Tem vezes que a minha burrice me dá raiva. Mas tava um barulho desgraçado no interfone e eu não conseguia “comprender un carajo” do que o cara dizia (que ainda por cima, era em castelhano). B-16: áaaaaaaaaaaaaagua. Mais uma tentativa que afundou.

Desesperado, descabelado, cansado, com o apartamento parecendo o meu antigo quarto em São Paulo de tão zoado que tava (porque eu tirei tudo do lugar pra procurar a chave), liguei pra minha chefe pra dizer o que estava acontecendo e o motivo pelo qual eu provavelmente chegaria atrasado no trabalho. Não sei se ela acreditou muito, mas tudo bem.
Bom, voltei a procurar a chave, afinal, chegando atrasado ou não, eu não podia ficar dentro do meu apartamento pra sempre. Até porque eu não tinha condimentos pra sobreviver nem 2 dias lá dentro (morar sozinho é uma merda...).

Aí foi o momento em que eu estufei o peito e disse pra mim mesmo: agora fodeu! Nessa altura do campeonato eu não tinha mais o que fazer, a não ser apelar para o São Longuinho. O coitado do São Longuinho deve ter uma vida de merda. Ninguém pergunta pra ele como foi o dia dele, se ele está com fome ou o chama pra bater uma pelada. Todo mundo só fala com ele quando precisa dos seus favores. Ele é tipo aquele nerd da sua classe que se sente o máximo na véspera da prova de física, quando todo mundo precisa do caderno dele emprestado (se você era o nerd, não fique triste, hoje você é mais bem sucedido que todos os babacas que copiaram a sua matéria). Sei lá, acho que as pessoas pensam que o São Longuinho não tem mais o que fazer. E tem mais: quando o São Longuinho perde alguma coisa, ele pede pra você ajudá-lo? Não. Então deixa o cara em paz, porra! Aliás, ele recorre a quem? Putz, o cara é um coitado mesmo.

Voltando ao assunto, foi o que eu fiz. Me senti ridículo e hipócrita, mas fiz. E quando voltei a procurar, sem esperança, resolvi pular pra ver se a chave estava em cima do armário. E não é que tava lá mesmo? Filha da puta! Como ela foi parar lá? Era impossível eu ter deixado a maldita chave em cima do armário em CNTP (condições normais de temperatura e pressão).

Descobri que sou sonâmbulo. E descobri também que morar sozinho tem muitas vantagens. Uma delas é que ninguém me viu dando três pulinhos.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

UMA SALVA DE PALMAS

Ah, mais um fim de ano. Dessa vez o destino foi Joinville, em Santa Catarina. Cidade do sul do Brasil que fica completamente vazia nessa época do ano e onde todos os comércios se chamam “Joinalgumacoisa” ou “Algumacoisaville”. E que Deus abençoe a originalidade na cabeça das pessoas…

Como todo e qualquer paulista, num belo dia resolvemos ir à praia. Escolhemos Balneário Camboriú. Péssima escolha. Engraçado como a gente reclama do trânsito e do estresse de São Paulo, mas quando temos uma folga do trabalho, pra onde vamos? Pro trânsito e pro estresse.

Foi chegar lá pra se arrepender de ter ido. Eu costumo apelidar esse tipo de situação de Bob’s. Todo mundo se empolga pra ir quando você chama, até a hora em que você dá a primeira mordida no hambúrguer e se pergunta: “por que nós viemos aqui mesmo?”. Ah, a eternal contradição humana. E que Deus abençoe Machado de Assis…

E sim, eu sei que o milk shake de Ovomaltine é ótimo!

Mas isso foi o de menos. O que mais me chamou a atenção nessa minha viagem ao estresse foi a attitude das pessoas na praia quando uma criança se perde: os catarineneses batem palmas.

A princípio, a idéia é excelente. Qualquer pai que perde uma criança bate palmas, a praia inteira ajuda e a criança perdida, no caso, só tem de seguir as palmas. Mas já imaginou se tem alguém cantando “Parabéns a você” no quiosque do Olegário?

Ou pior: fico pensando no cara que inventou isso. No mínimo algum pai desesperado falou para outro:

- Perdi meu filho.

Esse, indignado com a irresponsabilidade do mané, começou a bater palmas, dizendo:

- Parabéns! Você conseguiu perder seu filho! Você é imbecil???

As outras pessoas da praia, apoiando o sermão, começaram a bater palma também. E não é que o filho apareceu logo em seguida? Daí pra virar moda é só botar a mão no joelho e dar uma abaixadinha.

Mas a única conclusão que eu consegui tirar foi que, se eu perdesse meu filho na praia, eu não iria contar a ninguém. De certa forma, bater palmas é compartilhar com os mais de um milhão de veículos que desceram para o litoral - segundo a Ananda Apple - que você é um completo idiota.

Meu filho que se vire para me encontrar. Ou melhor: que ele seja esperto e bata palmas ou até mesmo puxe Escravos de Jó num compasso 3 por 4. Com certeza se eu escutasse isso, eu o encontraria. Ah, se os pais da Madeleine soubessem disso… Interpol e FBI é o escambau! E que Deus abençoe a salva de palmas…

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

MEU AMIGO CHARLES CHAPLIN

Uma vez assisti a um filme chamado Como Enlouquecer Seu Chefe. O filme é bobinho, engraçado até. Mas o que importa aqui é que nele, um dos personagens se chamava Michael Bolton. Sim, como o cantor. E era esse o inferno da vida daquele personagem: seu próprio nome. Todos lhe perguntavam se ele era parente do cantor. Ou às vezes, ouviam o nome e diziam o quanto eram fãs da música de Michael Bolton. Ah, se ele tivesse uma arma…

Eu posso dizer que passei coisa parecida quando o maldito argentino perdeu três pênaltis no mesmo jogo. Em todo lugar que eu ia e dizia meu sobrenome, alguém perguntava:

- Você não é parente daquele argentino não, né?

A piada conseguia arrancar apenas um sorriso amarelo do meu rosto, igual àqueles que você dá quando alguém manda aquelas piadas de tiozão do tipo “sentou na ponta, paga a conta” ou “gente coisa é outra fina, hein”. Ah, se eu andasse armado…

Mas um dia desses conheci um cara com um nome muito pior que Palermo. De deixar inclusive o Michael Bolton do filme com inveja. É o meu amigo Charles Chaplin.

Sim, o cara chama Charles Chaplin. Não é Charles da Silva Chaplin ou Charles Chaplin Gouveia. É só Charles Chaplin mesmo. Charles, mais Chaplin. Impressionante, não? A primeira vez que vi foi no crachá dele. Não acreditei e tive que pedir prá ver o RG. E era verdade mesmo...

Eu fico imaginando o inferno que foi a vida do Charles Chaplin quando ele era mais jovem. Se ele ganhasse um dólar pra cada vez que ele ouvisse a pergunta “nossa, seu nome é Charles Chaplin mesmo?” ou “mas por que seu nome é Charles Chaplin?”, acho que ele ficaria bilionário antes mesmo do meio-dia de hoje. Ah, se ele andasse armado…

E na balada? Devia ser difícil a mulherada acreditar num cara como ele:

- Prazer, Charles Chaplin.

- Hahahaha. E eu sou a Rita Hayworth…Vem com outra que essa não colou, tá? É cada uma que a gente é obrigada a escutar…

Sai a moça, rindo e comentando com a amiga. Mas, ao mesmo tempo, ter um nome como o do Chaplin deve ter suas vantagens. A primeira é que todo mundo entende o seu nome. Ele é mundialmente conhecido e vai ser por pelo menos mais 100 anos. Ninguém vai perguntar “Arnold Schwasoquê?” como o atual governador da Califórnia deve ter ouvido zilhões de vezes. E olha que ele tinha uma arma…

E pasmem: no mesmo lugar onde conheci o Chaplin, tem um cara que se chama Alexandre, mas pede para ser chamado de Spike Lee. Vai entender. Onde o mundo vai parar dessa forma? Eu, como sempre, não quero ficar de fora da tendência. Portanto, a partir deste momento, quero que todos me chamem de Steven, pelo simples fato de que eu acho esse nome legal. E acho bom me obedecerem!

E agora com licença, que eu tenho que sair prá comprar uma arma…
 
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