quarta-feira, 30 de julho de 2008

MORDOMO NADA. FOI A SALSICHA!

Sempre falam do tal do mordomo, mas ninguém - ou nada - está tão fadada a ser culpada das coisas do que a salsicha. Sim, aquela mesma que pode ser encontrada em hot-dogs-fim-de-balada recheados com muito milho, purê, maionese, batata-palha, queijo cheddar, molho chilli, catarro, parmesão, vinagrete, um pedaço de dedo e catchup.

- Prensado?
- Sim, por favor. E me vê uma Coca também...

Há quem diga que, com tanto recheio, nem é necessária a presença da salsicha, porque não se sente o gosto dela. Mas, sem a salsicha, de quem seria a culpa pela dor de barriga do dia seguinte? Sim, ela é extremamente necessária!

É impressionante a capacidade que a gente tem de culpar a coitada por qualquer problema que nosso estômago tenha. Por que nunca é o pão que estava estragado? Não pode ter sido o cheddar? Ou o milho, a maionese e a batata-palha? O caboclo pode ter comido comida japonesa com salmonela, mas ele vai culpar a salsicha que ele comeu, tipo, na segunda-feira da semana passada.

- Nossa, você ficou mal do estômago?
- Sim, comi uma salsicha semana passada que acho que não me fez bem...
- Salsicha é foda. Eu sempre passo mal quando como também.

Fato é, que quando se culpa a salsicha, ninguém contesta. Todo mundo acredita e pronto! Como se existissem milhares de estudos que indicam que ela é culpada por todo e qualquer problema da humanidade. Ah, se eu soubesse disso antes na minha vida, eu teria me aproveitado tanto:

- Rafael! Você está colando! Vai já pra sala do coordenador!
- Não, psôra, não era eu! Era a salsicha!
- Ah, por que você não falou antes? Desculpa...mas eu estou de olho em você, hein!

Eu tenho uma amiga que com certeza é visionária. Certa vez, aos 15 anos de idade, ela viajou com as amigas e a família de uma delas. Como toda adolescente, o que ela fez foi encher a cara e, como toda adolescente, passar mal depois por causa disso. A mãe dela ficou toda preocupada com a saúde da menina:

- Nossa, Thais, o que você comeu pra ficar assim, menina?
- Acho que foi a salsicha do hot dog...

Agora imagina jogar Detetive com uma informação valiosa dessa: antes mesmo de jogar o dado você já sabe que a assassina é a salsicha. Aliás, será que ela sempre tinha a ajuda do Coronel MOSTARDA? (Nossa, que piada infame!). Agora só falta descobrir o lugar e a arma - que, provavelmente é o candelabro (Vide crônica Coronel Mostarda, com a corda na sala de estar). Pronto. Só falta mesmo o lugar.

Só não consigo entender por que a salsicha ainda não foi culpada pelo trânsito em São Paulo. Ou pela violência no Rio de Janeiro. Ou pelo sotaque dos gaúchos, pela Preta Gil como protagonista em novelas de mutantes ou pela escalação do Gilberto na lateral esquerda da seleção. Só falta mesmo ligarmos a televisão e nos depararmos com o William Bonner dando a seguinte notícia:

Um forte terremoto atingiu a costa oeste do Japão na noite desta quarta-feira. O tremor teve seu epicentro numa panela de aço que cozinhava uma dúzia de salsichas em uma casa no subúrbio de Tóquio.

Culpem a salsicha! Por tudo! Ela nasceu para isso e não vai se sentir injustiçada, isso eu garanto. Só não dá pra culpar a maldita por ela ter um nome tão estúpido e impossível de ser pronunciado em seqüência numa velocidade rápida e constante. Termino o texto deixando você tentar: salsicha, salsicha, salsicha, salsicha, salsicha, salsicha, salsicha...Tá com raiva, né? Não me xingue. A culpa você já sabe de quem é.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

MAIS UMA. SERÁ?

O problema do mundo é, sem dúvida, a saideira. É impressionante como os seres humanos não se contentam facilmente, indo sempre à desgraça depois de pedir a tal da “saideira”. Mesmo depois de vinte garrafas, metade do salário escorrendo pelos tubos e conexões Tigre do mictório instalado no banheiro do bar, olhos para baixo, língua enrolada e muitos, mas muitos “eu te amo, e não tô dizendo isso só porque tô bêbado”, o cara ainda pensa que aquela idéia é brilhante:

- Ô Schumacher, vê aquela saideira pra gente?

Agora me diz: pra quê? Um engradado não basta? Já sei: é só pra dizer que você gastou horrores, mas a última “foi de graça”. De graça pro dono do bar, já que ele lucrou no mínimo 60% em cima de cada uma das 24 garrafas que você tomou com seus amigos.

Aí no dia seguinte, o caboclo acorda coalhado e ainda culpa a tal da saideira, como se a quantidade de álcool que ele bebeu antes não desse pra levar o Uno Mille dele até o Guarujá.

Se fosse só isso, tudo bem, mas o problema da saideira atinge também outros costumes da raça, como por exemplo, a despedida de solteiro. O cara é apaixonado pela noiva e nunca teve relações sexuais com qualquer outra mulher. Um dia antes do casamento vem aquele amigo de anos dele com a idéia de fazer uma festinha numa casa de massagem. Relutante, o cara vai. E descobre que existe mulher muito melhor de cama do que aquela com quem ele estava prestes a passar o resto da vida junto.

- Mas como assim, o Jeferson abandonou a Clarinha no altar?
- Dizem que ele se apaixonou pela prima do André.
- Mas o André não tem prima!
- Ah, é de uma parte da família dele lá do sul...


Hiroshima, Japão, mil novecentos e quarenta e cinco. Não bastasse a destruição da primeira bomba atômica, que praticamente pulverizou em segundos mais de trezentas mil pessoas, algum general americano teve a grande idéia:

- Ah, vamos jogar mais uma, só pra garantir, vai...Garçom, mais uma bomba atômica pros japoneses ali, por favor.
- Com gelo e limão?
- Não, só gelo. Aproveita e fecha a conta pra gente?


E ir ao Cassino, então? Aliás, não sei porque o nome da saideira não é “caça-níqueis”. Incrível a quantidade de “vou jogar só mais uma” que se escuta em todos os idiomas em Las Vegas, por exemplo. O mais legal é que a galera vicia de uma forma que o “só mais uma” vira outra, e outra, e outra; e o cara continua dizendo “só mais uma”. Por que ele não disse da primeira vez “só mais trinta e sete vezes”, então?

Genial mesmo é assistir ao programa do Senor Abravanel, aquele das maletas. Tenho certeza que esse programa foi baseado no mesmo conceito dos cassinos. O cara ta lá, na frente do botão vermelho, com o banqueiro oferecendo a ele duzentos mil reais. Restam 3 malas para serem abertas. E o cara “não topa”. Geralmente, esses são os que vão embora só com o dinheiro do busão.

Culpem a saideira. Sempre. Eu já me arrependi incontáveis vezes de chamá-la. Aliás, às vezes ela acontece na mesma casa de massagem onde o Jeferson conheceu a prima sulista do André. O problema é que eu nunca tenho dinheiro pra aproveitar que nem ele. Quem sabe se eu tivesse apertado o botão vermelho. Pode passar a régua!
 
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