sexta-feira, 16 de março de 2007

SEGURA O TCHAN!

Quando eu era moleque, a coisa que eu mais queria ser quando crescesse era astronauta. Não sei por quê. Mas acho que algo me fascinava no Universo. Acho que também tinha essa vontade tão grande porque o Marcos Pontes ainda não era astronauta, senão com certeza essa idéia teria ido pro espaço. Literalmente (pegou? Pegou?).Puta que pariu! Minha falta de graça às vezes me dá raiva!

Bom, os rumos da minha vida acabaram não me transformando em astronauta, mas não por isso a minha cabeça parou de pensar e procurar a profissão perfeita. E foi almoçando com amigos outro dia que chegamos à conclusão e, se alguém HOJE viesse me perguntar o que eu quero ser quando crescer (esquece que eu já cresci e vamos fingir que somos todos crianças, ta?) eu diria sem pestanejar: Cumpádi Wóshito – leia-se Compadre Washington.

“Cumpádi Wóshito?” - você deve estar se perguntando. Sim, Cumpádi Wóshito. Pra quem não se lembra – porque ele anda meio sumido, só curtindo a grana que ele ganhou – o Cumpádi Wóshito era o “sei-lá-o-que” do É o Tchan, um grupo de axé que fez muito sucesso em meados da década de 90. Primeiramente, quero expressar aqui a minha admiração pelo cara. Ele teve a visão de perceber a tendência do mercado (vixe, to parecendo estilista falando) e se adiantar a isso, indicando para onde todos os grupos da Bahia deveriam ir.

Elogios feitos, vamos à parte fácil do trabalho: aproveitar. Acho que ninguém no mundo desfruta tanto do seu trabalho como Cumpádi Wóshito. Primeira etapa: gravação do CD. A banda chega no estúdio. O baterista demora alguns dias pra gravar suas faixas. O mesmo acontece com guitarrista, violonista, baixista, backing vocals, saxofonista, trompetista, trombonista, tecladista, vocalista e mais um monte de “ista” que você possa imaginar. As dançarinas se enfiam em um quarto pra bolar as coreografias. Meses depois e com as músicas quase todas prontas, chamam Cumpádi Wóshito.

- Cumpádi, sua vez de gravar.
- Posso ir?
- Manda bala.
- Três, dois, um. Vai!


E lá vai Cumpádi Wóshito:

- Só na sacanági.
- Eu gosto mucho, "mãínha".
- Cheguei! Estou no paraíso!
- Ordináááááária!


Mais ou menos um minuto e quarenta e cinco segundos depois de trabalho, o CD já pode ser finalizado, agora com a enorme participação de Cumpádi Wóshito nas músicas.

Esse cara é meu ÍDOLO! Juro! Não estou brincando, porque não acaba aí. Depois desse dia estressante de trabalho, ele ia pra casa e comia quem? A Sheila Carvalho, uma das mulheres mais bonitas do Brasil.

Pausa para o vômito.

Voltei. Voltei pra falar agora da parte em que pesa mesmo. É hora de a onça beber água: o dia-a-dia dos músicos de uma banda mundialmente famosa como o É o Tchan. A turnê se inicia. A banda começa a fazer seus shows e lá, em cima do palco, estão todos dando tudo de si. Carla, Sheila, Sheila, Débora, Jacaré e sei lá mais quem – já foram tantos – suavam de tanto dançar. Beto Jamaica cantava e se preocupava em entreter o povo. E o Cumpádi Wóshito dava tapas nas bundas das garotas em meio à suas famosas frases já citadas acima.

No fim da turnê, os resultados: as dançarinas terão que fazer cirurgias no joelho de tanto pular. Beto Jamaica está com a voz rouca. E Cumpádi Wóshito? Bom, Cumpádi Wóshito tá rico e rindo à toa. Porque ele não dança, ele não canta, ele só enriquece. E enriquece comendo a Sheila Carvalho.

Hoje a minha dúvida não existe mais. A profissão perfeita não tem nome, mas é a que o Cumpádi Wóshito exerce. Ele realmente está no paraíso.

terça-feira, 6 de março de 2007

O QUE É MEU, É MEU

Quem aqui não se apega aos objetos pessoais que atire a primeira jaca! É, jaca mesmo. Vai ser tão difícil de atirar uma que você vai acabar concordando comigo: todo mundo se apega. Parece meio gay essa coisa de “valor sentimental”, mas é real.

Sábado. Dia de faxina no guarda-roupa. Percebi que mais ou menos 70% das roupas que eu tenho lá eu não uso. Mas não por isso eu vou jogá-las fora. “Quem sabe um dia, pra uma emergência”, eu penso. Hipocrisia minha. Eu tenho certeza mais que absoluta de que prefiro sair pelado a ter que usar qualquer uma daquelas peças. Mas eu não me desfaço delas nem a pau.

Eu tenho um tênis que usei mais ou menos duas vezes. E eu tenho ele há mais ou menos dez anos. Minha irmã trouxe da Disney pra mim. Só que esqueceram de dizer pra ela que tênis é algo que não se dá de presente. É difícil de acertar o número, a cor, o desenho, a marca. Envolve muito mais do que “Ai, vou levar um tênis pro meu irmão. Acho que ele vai gostar”. Gostei mais da escova de dente que ela me trouxe da Espanha no ano passado: presente simples e funcional. Estou usando até hoje. E o mais engraçado de tudo é que a escova eu vou jogar fora daqui a alguns meses. O tênis, não. Meus livros então, trato como filhos. Gosto tanto que não empresto pra ninguém.

- Me empresta O Guia do Mochileiro das Galáxias?
- Não.
- Ai, como você é chato.
- Você ia gostar se eu pegasse seu filho emprestado e te devolvesse ele com a orelha rasgada?
- Não.


Eu simplesmente ODEIO quem usa a orelha do livro pra marcar páginas. Eu sei que essa é uma das funções dela, mas não importa: eu não uso pra isso e odeio quem usa. Dá dó ver a orelha toda estragada, amassada, rasgada. E mais, se todo mundo usasse a orelha pra isso, não existiria um negócio chamado MARCADOR DE PÁGINA!

No Prayer for the Dying. Eu tenho esse CD do Iron Maiden há mais ou menos 12 anos. Não escuto mais porque eu não gosto mais de Iron Maiden. Só que outro dia reparei que a caixinha dele tava quebrada, então eu troquei pela caixinha do CD da Madonna da minha irmã – sem o consentimento dela, claro. Tudo pra manter a minha coleção intacta.

Sim, eu sou neurótico. Sim, eu guardo todas essas coisas. E tenho certeza que você também guarda alguma coisa inútil no seu armário, na sua gaveta, na sua bola de meia. E se disser pra mim que não guarda, eu tenho um ótimo livro com um personagem chamado Pinóquio que é a sua cara. Se quiser eu te empresto. Só toma cuidado com a orelha...

quinta-feira, 1 de março de 2007

CORONEL MOSTARDA, COM A CORDA NA SALA DE ESTAR

Uma carta de baralho com uma corda é mostrada, rabiscos são feitos e uma das possíveis armas do crime é eliminada. Mas a batata ainda pode assar para o lado do Cel. Mostarda, aquele simpático senhor de cabelos na altura do ombro, bigode cheio e olhar de botar medo (com apenas um dos olhos, claro). E o Hall ainda pode ser o local do crime. Eu apostaria todas as minhas fichas nisso.

Detetive está para nossas vidas assim como vegetação rasteira está para o cerrado. Pelo menos para a maioria de nós. Digo isso porque hoje, por incrível que pareça, conheci alguém que não conhece o Cel. Mostarda. Nem a Srta. Rosa. Muito menos o Prof. Black. E nem imagina que o candelabro é a primeira arma do crime apontada por mais de 70% dos jogadores da Suazilândia.

- Como assim você não conhece Detetive?
- É aquele jogo de piscar?
- Não! Coronel Mostarda, com o candelabro, na Biblioteca...
- Hummmm... Não conheço...

Preso em nome da lei. Essa era a referência que essa minha amiga tinha para o nome Detetive. Tudo bem: era um jogo com o mesmo nome, mas isso não elimina a possibilidade de você desconhecer o outro. Eu jogava os dois quando era moleque. Tanto que no início, juro que cheguei a pensar que eu era o errado. Talvez não era um jogo tão famoso assim, pensei. Mas aos poucos foram chegando algumas pessoas que confirmaram a minha teoria.

- Fernando, você conhece o jogo Detetive?
- Coronel Mostarda, com o candelabro na sala de estar?

- William, você conhece o jogo Detetive?
- Coronel Mostarda, com o candelabro na cozinha?

- Jackie, você conhece o jogo Detetive?
- Coronel Mostarda, com o candelabro na sala de estar?

Impressionante a fama e popularidade do Cel. Mostarda. Tenho certeza absoluta que ele era o síndico do prédio onde ocorreu o assassinato. E pelo visto, não é só na Suazilândia que o candelabro é a primeira arma do crime apontada.

Perspicácia. Acho que em todos os anos da minha infância foi o que eu mais ganhei jogando Detetive. Aprendi a chutar questões na FUVEST como ninguém. Matemática: 13 de 20 pontos sem resolver uma questão sequer. Então passei a pensar na falta que Detetive deve ter feito na vida dela.

Provavelmente na FUVEST ela não passou. Não que eu tenha passado, mas eu não queria mesmo. Ela também não poderá nunca participar de rodinhas onde as pessoas discutem se a Srta. Rosa era exótica ou feia. Ela não saberia chegar à resposta para a pergunta “Qual era a cor do cavalo branco de Napoleão?” por eliminação e muito menos entenderia o sentido das letras das canções escritas por Renato Russo quando ele ainda era do Aborto Elétrico.

Aliás, essa mesma amiga gosta do Renato Russo. E não gosta de Goonies. E não conhece Detetive. Acho que alguns valores realmente podem estar invertidos. Por isso eu mudo meu palpite: Dona Branca, com a chave inglesa no escritório. Cartas são tiradas do envelope confidencial: na mosca. Nadar contra a corrente às vezes também é ser perspicaz.
 
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