quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

UMA SALVA DE PALMAS

Ah, mais um fim de ano. Dessa vez o destino foi Joinville, em Santa Catarina. Cidade do sul do Brasil que fica completamente vazia nessa época do ano e onde todos os comércios se chamam “Joinalgumacoisa” ou “Algumacoisaville”. E que Deus abençoe a originalidade na cabeça das pessoas…

Como todo e qualquer paulista, num belo dia resolvemos ir à praia. Escolhemos Balneário Camboriú. Péssima escolha. Engraçado como a gente reclama do trânsito e do estresse de São Paulo, mas quando temos uma folga do trabalho, pra onde vamos? Pro trânsito e pro estresse.

Foi chegar lá pra se arrepender de ter ido. Eu costumo apelidar esse tipo de situação de Bob’s. Todo mundo se empolga pra ir quando você chama, até a hora em que você dá a primeira mordida no hambúrguer e se pergunta: “por que nós viemos aqui mesmo?”. Ah, a eternal contradição humana. E que Deus abençoe Machado de Assis…

E sim, eu sei que o milk shake de Ovomaltine é ótimo!

Mas isso foi o de menos. O que mais me chamou a atenção nessa minha viagem ao estresse foi a attitude das pessoas na praia quando uma criança se perde: os catarineneses batem palmas.

A princípio, a idéia é excelente. Qualquer pai que perde uma criança bate palmas, a praia inteira ajuda e a criança perdida, no caso, só tem de seguir as palmas. Mas já imaginou se tem alguém cantando “Parabéns a você” no quiosque do Olegário?

Ou pior: fico pensando no cara que inventou isso. No mínimo algum pai desesperado falou para outro:

- Perdi meu filho.

Esse, indignado com a irresponsabilidade do mané, começou a bater palmas, dizendo:

- Parabéns! Você conseguiu perder seu filho! Você é imbecil???

As outras pessoas da praia, apoiando o sermão, começaram a bater palma também. E não é que o filho apareceu logo em seguida? Daí pra virar moda é só botar a mão no joelho e dar uma abaixadinha.

Mas a única conclusão que eu consegui tirar foi que, se eu perdesse meu filho na praia, eu não iria contar a ninguém. De certa forma, bater palmas é compartilhar com os mais de um milhão de veículos que desceram para o litoral - segundo a Ananda Apple - que você é um completo idiota.

Meu filho que se vire para me encontrar. Ou melhor: que ele seja esperto e bata palmas ou até mesmo puxe Escravos de Jó num compasso 3 por 4. Com certeza se eu escutasse isso, eu o encontraria. Ah, se os pais da Madeleine soubessem disso… Interpol e FBI é o escambau! E que Deus abençoe a salva de palmas…

Um comentário:

Oz Krepski disse...

é, eu só vou entender se virar pai um dia...não faço a mínima idéia do que é perder um filho. meu filho é meu video-game, e nele eu não perco nem fudendo!

 
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